7 de Fevereiro de 2010 - 11h45 - Última modificação em 7 de Fevereiro de 2010 - 14h22
Palácio Gustavo Capanema enfrenta dificuldades para ser a sede do Comitê Olímpico
Wladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
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Rio de Janeiro - A possível utilização do Palácio Gustavo Capanema como sede do Comitê Organizador dos Jogos e da Autoridade Pública Olímpica pode esbarrar na falta de espaço para abrigar as equipes e depende de reformas a serem feitas no prédio. O imóvel, construído entre 1936 e 1945, é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e abriga diversos órgãos dos ministérios da Cultura e da Educação.
A ideia partiu do ministro do Esporte, Orlando Silva, e foi logo divulgada pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, durante a viagem de ambos a Londres, na semana passada, mas o Ministério da Educação têm planos de transformar o local em um centro de pesquisas em parceria com a Unesco.
O superintendente regional do Iphan, Carlos Fernando Andrade, afirmou que não havia sido comunicado oficialmente do projeto e levantou dúvidas sobre a viabilidade.
“Eu fiquei sabendo disso pela imprensa e me parece que é uma ideia ainda embrionária. Não temos informações sobre qual a metragem quadrada que eles vão necessitar e se é possível de acomodá-los no prédio, que já tem diversas repartições funcionando, sendo utilizado em toda a sua plenitude. Me parece um pouco difícil, pois já são 16 andares ocupados, mas se for uma área viável, poderá ser bom para todo o mundo”, disse Andrade.
O superintendente do Iphan ressaltou que o prédio é tombado e passa por um processo de início de reconhecimento como de patrimônio da humanidade pela Unesco, o que vai demandar obras de restauração - incluindo sistema de proteção contra incêndio, parte elétrica e esquadrias - que poderiam ser, pelo menos em parte, financiadas pelo Comitê Organizador da Copa.
“Toda ideia que pode gerar recursos é boa. Neste momento estamos encomendando projetos na ordem de R$ 1 milhão em restauração, exatamente para poder cumprir o dossiê a ser apresentado à Unesco. E eu imagino que a gente vai precisar de uns R$ 35 milhões. Mas a ocupação imediata fica prejudicada porque nós temos diversos problemas no prédio, inclusive de elevadores e falta de ar-condicionado”, disse Andrade.
A presidente da Associação dos Servidores e Trabalhadores da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Isabel Costa, afirmou que não é contra a utilização do prédio para acomodar os comitês olímpicos, mas frisou que dificilmente haverá espaço no Palácio Gustavo Capanema.
“O prédio não está ocioso, pois aqui nós temos, além do Ministério da Educação, repartições de três grandes instituições do Ministério da Cultura: a Funarte, o Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional e o Iphan. Todos os andares estão ocupados”, disse.
Segundo ela, outra dificuldade é a necessidade de reformas prévias no imóvel. “A gente considera que o prédio não é o ideal para abrigar repartições públicas, não foi projetado para isso. A iluminação não é adequada, não tem ar-condicionado e a divisão de setores é precária, pois é uma improvisação”.
A presidente da associação considera positiva a ideia de investimentos no prédio em troca de abrigar organizações esportivas, como forma de legado olímpico, mas questiona se haverá necessidade de remoção de funcionários que trabalham no espaço atualmente.
“Os funcionários não são contrários à ideia. Em princípio, estamos abertos a negociações. O que a gente desconhece é o tamanho deste Comitê Olímpico e se é possível uma convivência simultânea no prédio”, explicou.
O Palácio Gustavo Capanema é o marco das transformações da arquitetura brasileira do século 20 e considerado a primeira obra em que os princípios do modernismo foram aplicados em escala monumental. Foi projetado por Lúcio Costa e construído entre 1936 e 1945 para ser a sede do Ministério da Educação e Saúde.
Edição: Aécio Amado![]()
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