Em carta, Battisti se diz abalado e reitera inocência de assassinatos na Itália
Marco Antonio Soalheiro 
Repórter da Agência Brasil 




Brasília - O advogado de Cesare Battisti, Fábio Antinoro, entrega a jornalistas carta feita de próprio punho pelo escritor, explicando que não se sentia bem emocionalmente para conceder entrevistas
O Supremo Tribunal Federal (STF) ainda analisará a possível extinção do processo de extradição movido pelo governo italiano – assunto que provocou uma crise diplomática entre Brasil e Itália.
“Reafirmo minha condição de perseguido político. Não sou responsável por nenhuma das mortes de que me acusam e sei que a dor que elas causaram é imensa ainda hoje”, afirmou Battisti , em referência às mortes dos agentes policiais Andrea Campagna e Mares Santoro, em abril de 1979, do açougueiro Lino Sabadia e do joalheiro Alberto Torregiani, em dezembro do mesmo ano. Julgado à revelia, Battisti foi condenado na Itália à prisão perpétua pelos crimes, com base em depoimentos de pelo menos dez pessoas beneficiadas pelo instituto da delação premiada, ex- militantes da esquerda radical italiana.
Na carta entregue pelo advogado Fábio Antinoro à Agência Brasil e a outros cinco veículos da imprensa nacional e italiana, Battisti alegou mal-estar para se recusar momentaneamente a conceder entrevistas aos jornalistas que, na última quarta-feira (28), tinham obtido do ministro do STF, Cezar Peluso, relator do processo de extradição, autorização de entrada na Papuda. A defesa do escritor teve desde então comportamento hesitante referente às providências necessárias para a entrevista. O escritor no entanto conversou com a equipe da revista ISTOÉ, que tinha autorização desde dezembro. Aos demais, o próprio Battisti prometeu atender nos próximos dias, no momento em que se sentir melhor.
“Desde que soube da concessão do refúgio político no Brasil e sigo preso, a ansiedade, a tensão e o nervosismo me acompanham”, disse Battisti. “Mas, agora, não me sinto bem para atender a todos os jornalistas que me procuram. Nem mesmo consigo me concentrar no livro que estou escrevendo”, acrescentou.
A renomada escritora francesa Fred Vargas, que esteve hoje com Battisti, disse que ele se chateou com notícias publicadas em que é tachado de terrorista e que o apontam como o autor dos disparos contra o joalheiro Torregiani. Na carta, Battisti nomeia aqueles que, segundo ele, seriam os verdadeiros responsáveis: “Memeo, Fatone, Masala e Grimaldi, todos colobaradores da Justiça arrependidos”. Em relação ao tiro que deixou paraplégico o filho de Toorregiani, Battisti diz que partiu do revólver do próprio pai.
Enquanto Battisti se recusa a conceder entrevistas, crescem especulações e dúvidas a respeito de muitos fatos que cercam sua história. Na entrevista à revista ISTOÉ, ele admitiu ter sido ajudado por integrantes do serviço secreto francês ao deixar aquele país rumo ao Brasil, em 2004, colocando o governo francês em situação desconfortável.
Outro ponto a ser esclarecido diz respeito ao pagamento dos advogados que respondem pela defesa do escritor. O principal é Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado federal pelo PT. Questionada hoje se contribuiria para tal pagamento, a escritora Fred Vargas consultou o advogado Fábio Antinoro sobre o que poderia dizer. O advogado tomou a palavra e afirmou que a defesa será paga com recursos do próprio Battisti, fruto dos direitos autorais sobre seus livros.
Veja a reprodução da carta:
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