Veritas Civile: Agência Brasil - Athos Bulcão deixa patrimônio para mulher que cuidava dele

segunda-feira, 30 de março de 2009

Agência Brasil - Athos Bulcão deixa patrimônio para mulher que cuidava dele - Direito Autoral

31 de Julho de 2008 - 20h23 - Última modificação em 31 de Julho de 2008 - 20h23

Athos Bulcão deixa patrimônio para mulher que cuidava dele

Morillo Carvalho
Repórter da Agência Brasil

José Cruz/ABr
Brasília - Vice-governador do DF, Paulo Octávio, no velório do artista plástico Athos Bulcão
Brasília - A generosidade, lembrada por amigos como uma das maiores virtudes do artista plástico Athos Bulcão, também o acompanhou depois da morte. É para a mulher que cuidou dele nos últimos 34 anos que ficará a maior parte da herança do artista que morreu hoje (31) em Brasília, aos 90 anos, em decorrência de uma parada cardíaca.

Muito abalada com a morte do amigo, Cândida Xavier da Costa preferiu não dar entrevista. Disse apenas que era "muito pesado" falar sobre ele neste momento.

Athos nunca se casou, não teve filhos e os três irmãos – Jaime, Mariazinha e Dalila – já morreram. Dalila foi a última e faleceu aos 94 anos, quando ele tinha 80. O artista deixou três sobrinhos.

Para Cândida, ficaram “um apartamento na [quadra] 714 Sul, e as aposentadorias que ele tinha, tanto da UnB [Universidade de Brasília], quanto a do GDF [Governo do Distrito Federal], para ela se manter”, de acordo com o advogado do artista, Eduardo Ramos Júnior.

As aposentadorias dizem respeito aos trabalhos de professor de artes plásticas na UnB e de técnico em decoração na Empresa Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), ligada ao governo do Distrito Federal.

A herdeira “trabalhou com ele, como empregada doméstica, durante muitos anos. Depois ficou tomando conta dele, como companheira. Primeiro era uma relação profissional, depois virou uma relação de amizade”, de acordo com o advogado, que agora cuida dos direitos dela.

Segundo Ramos Junior, Cândida cuidava da casa e de tudo o que ele fazia. Era ela, inclusive, quem o levava ao hospital Sara Kubitscheck, onde Athos tratava do mal de parkinson – doença que já durava pelo menos 10 anos.

Aos três sobrinhos ele deixou outro apartamento na Asa Sul, também em Brasília, em que estão guardadas diversas obras do artista. “São várias máscaras que ele adorava e os quadros mais especiais para ele estão neste apartamento”, conta.

Quanto aos direitos autorais do artista, o advogado informou que há uma autorização para que a Fundação Athos Bulcão administre esses interesses. "A fundação reproduzia [as obras] em gravuras, e [as] vendia”, detalha.

As reproduções são feitas em azulejos, louças, sandálias e sombrinhas e servem para manter a instituição, que existe para preservar e divulgar a obra do artista.

Há alguns anos, reproduções da obra do artista não-autorizadas pela fundação começaram a ser comercializadas em Brasília. Eduardo conta que Athos Bulcão se recusou a mover ação judicial ou posicionar-se contrário à prática.

“Ele não quis que nós tomássemos nenhuma atitude, porque gostava que a arte fosse difundida. Teve inclusive um caso, da banda Jota Quest, em que a arte impressa no CD é do Athos, e eles usaram sem autorização. Mas ele não quis mover nenhuma ação contra o uso”, relata Ramos Júnior.